sábado, 28 de março de 2009

Cantadeiras do Planalto Mirandês





Simpáticaa avózinha transmontana com quem me cruzei em Ifanes e reencontrei mais tarde, em Paradela, na sardinhada junto à capela de San Martinico. Chama-se Maria José.



Quem não teve uma mãe ou uma avó que lhe cantasse e encantasse?
A gravação dos vídeos foi feita em São Joanico, concelho de Vimioso, a seguir ao Jantar de São Martinho, organizado pela AEPGA. Clicar em Cena de San Martino para ver a postagem feita no blogue sobre esse jantar micológico.

Apesar de já se terem passado alguns meses, como me agradam os cantares tradicionais e a voz da 'avó' Avelina, de Caçarelhos, penso que nunca é tarde para divulgar na Internet a riqueza do património humano e musical de Trás-os-Montes.



Como não conheço o nome desta música e não encontrei na Internet informação que me esclarecesse, resolvi atribuir-lhe o título de :
Sou Portuguesa
.
Clicar no nome da marcha para ver a letra completa
Marcha de Vila Real
Coro

Vila Real, oh que linda és
Tens o Corgo aos pés, em adoração
Vila Real, como és gentil
Canta-te Cabril, beija-te o Marão


La Çarandilheira

A Sarandilheira – La Çarandilheira em língua mirandesa – é uma conhecida música de Caçarelhos, concelho de Vimioso, divulgada fora das Terras de Miranda do Douro, graças à extraordinária interpretação de Né Ladeiras e aos Gaiteiros de Lisboa, entre outros grupos urbanos que a cantam. As duas avozinhas, no vídeo, chamam-se Avelina e Adélia Garcia.

Numa pesquisa na Internet não encontrei a letra da "La Çarandilheira", nem o significado da palavra em dicionário de mirandês. No entanto no Forum da Língua Mirandesa é dada a informação que 'çarandilleira' é a mulher que usa a saranda, instrumento com crivo utilizado na eira para separar o cereal da palha.
Em dicionários de português encontrei os verbos sarandar e sarandilhar com o significado de criança ou mulher irrequieta, sem nada para fazer, que não se fixa numa tarefa em particular. Este significado também é referido no Forum.
Embora a sarandilheira seja a mulher que na eira usa a saranda, a canção parece referir-se àquela, como a 'pobrecita Inês' , que gosta de sarandar, divertir-se, ir a festas e merendar com as amigas. Antigamente, na Quinta-feira antes do Carnaval, até havia o costume da merenda das comadres em que as mulheres, sem os maridos, se sentiam bem.
De pesquisa em pesquisa descobri o Cancioneiro de San Andrés de Teixido, Galiza. Nele faz-se referência à versão de um romance conhecido pelo nome de Tres Comadres, do qual transcrevo alguns versos, pela semelhança que têm com a letra de La Çarandilheira.
Elas eran tres comadres e dun barrio todas tres, fixeron unha merenda para ir ó San Andrés. Unha puxo vinte ovos outra puxo vintetrés, outra puxo unha empanada coas cortezas ó rives .... .... Alá pola media noite todas falaban inglés. Unha dixo pola lúa: "Mira que doblón de a dez". Outra pola pel do viño: "Mira que neno sin pés". Aló pola media noite chega o marido de Inés, palos nunhas, palos noutras, palos levan todas tres.


O santuário de Santo André de Teixido rivaliza com Santiago como lugar de peregrinação. Entre ambos há rivalidade e ciúmes. "André representa o pobo, a tradición, o elemento autóctono, o agachado e o paganismo; Santiago, ás avesas, o cabaleiro, a invasión, o oficial e a ortodoxia."
Na Galiza também há um dito que diz:

Concluindo, para compreender a cultura raiana é preciso ir ao outro lado da fronteira política procurar as raízes de uma cultura com laços comuns. Se juntarmos Caçarelhos, marranos e mercadores montados em burros, talvez possamos começar a perceber o percurso feito pela música La Çarandilheira até à aldeia.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Bailadeiras com Bailadores

Vídeos
Arraial, após passeio de burro, missa e almoço campestre, em San Martinico, aldeia de Paradela, concelho de Miranda do Douro. A organização do passeio e da sardinhada estiveram a cargo da AEPGA - - Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino. Na missa, almoço e arraial estiveram presentes habitantes das aldeias da região e turistas de vários pontos de Portugal.
Para ver o vídeo no you tube clicar no título
Versos feitos e cantados
durante o bailarico por um grupo de senhoras
IOs burrinhos de Miranda
Foram a grande atracção
Da nossa amiga Joana
Que os tem no coração

II
Em Caçarelhos estamos
Na terra das cantadeiras
Das castanhas e alheiras
E das grandes bebedeirras
III
Ao povo deste planalto
Só temos que agradecer
O carinho e atenção
Quando nos vêm conhecer

IV
Esta terra tem encanto
Devido à AEPGA
Pois podem ter a certeza
Que para o ano aumentará

V
Grupos assim
Tão espectaculares
Gaitas e gaiteiros
Burros a zurrar
Clicar no título para ver o vídeo no you tube

quarta-feira, 25 de março de 2009

Carnaval de Vilarandelo

Cartaz do desfile


Ti Maria da Peida
"É uma velha maluca, que sabe cantar, pertence à família Peido. O seu marido é o Zé dos Peidos, acompanhada sempre pelas suas filhas Peidinha e Peidona."
Sem comentários!



Gostei do carnaval de Vilarandelo, concelho de Valpaços, quando o descobri há dois anos por mero acaso. Nessa altura encantou-me a ruralidade transmontana com sabor tropical. Clicar aqui para ver.



Desta vez não gostei, a começar pela cobrança de taxa para entrar na aldeia, uma desagradável surpresa! Concentrados num largo e com as saídas fechadas, parecia que estávamos num curro!

Bem sei que a organização promotora do desfile precisa cobrir os custos mas a cobrança, feita sem bilhetes, para assistir ao desfile carnavalesco e para ver a tourada não me caiu bem.

Esquentou? Mas em Vilaranelo não há sambódromo e o frio não é mole, não!










Porque está tão triste pantomineira? A Lulu pô-la a trabalhar?





Zé Pereira, sempre a dar-lhe!


Não dá vontade de rir!

Será que o Carnaval de Vilardandelo não se está a transformar numa marcha fúnebre de alunos e professores a cumprir calendarização de objectivos individuais?




Forcados amadores Taverna Velha, de Vilarandelo. Grupo bastante numeroso, vestido de branco e vermelho, como o Pai Natal.




Há sempre que goste de ir para o poleiro, neste caso, o portal do cemitério.











Eiii, vaaaca!





Valentes forcados!




Mais dois empoleirados.





Fim de festa.





Sempre às voltinhas ...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Passeio a Foz-Tua

Pelo Vale do Rio Tua



A COAGRET, Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases, Domingo, dia 15 de Fevereiro, organizou um passeio à foz do Rio Tua


Convidado para estar presente em Mirandela, no dia anterior, no seminário jurídico sobre os novos projectos hidroeléctricos em Portugal, inscrevi-me para o passeio.

Devido ao encerramento da Linha do Tua, desde o acidente de 22 de Agosto de 2008, o passeio foi feito em automóveis. A estação de comboio, pelo seu simbolismo, foi o local de partida.



Domingo de manhã a Princesa do Tua acordou envolta num manto de nevoeiro, intenso junto ao rio, que dava um toque de romantismo à cidade.
A primeira paragem foi em Vilarinho das Azennhas, junto ao rio. Este lugar é muito bonito. Aliás, todo o Vale do Tua, desde o Cachão à Ribeirinha, é maravilhoso!





Tal como quando cá estive em Novembro, diversos pescadores, sobre a ponte e nas margens, entretinham-se a pescar à linha.


Os pescadores, pessoas que convivem bem com o silênciao, apesar de não serem faladores, são acessíveis e afáveis.


Um deles mostrou-nos os instrumentos de pesca que utiliza para pescar bogas, barbos e enguias.








Em Vilarinho das Azenhas, entretido a tirar fotografias, perdi-me do grupo.



Paisagem panorâmica do Vale do Tua, visto da estrada de Barcel para o Navalho, terra de caça às perdizes, coelhos, tordos ...
O rio e a Linha do Tua, em Abreiro
Estação de Abreiro, rio e caminho de ferro. Só falta mesmo o comboio do Tua circular para trazer os turistas a aldeias e vilas do Vale do Tua.
A um km, no Vieiro, fica a casa de Graça Morais, a pintora que leva o nome de Trás-os-Montes aos quatro cantos do mundo.
Amendoeiras a florir nas encostas mais baixas.
Em Abreiro reeencontrei o grupo. No Café Via Rio houve quem comprasse figos, mel e amêndoas. Eu, com mais sorte, até comprei queijos ao dono destas ovelhas.
Este bonito café, amigo do ambiente, produz energia fotovoltaica e tem um blogue , muito interessante, que vale a pena visitar.


De Abreiro partimos, por Carrazêda de Ansiães, para Foz-Tua



Carruagens do comboio a enferrujar na estação de Foz-Tua. É assim que a CP trata o nosso património ferroviário!




Retrato do Portugal profundo no Alto Douro, em Foz-Tua!







Almoço do grupo no restaurante Beira Rio, com vista para o Douro





Peixe do rio, de escabeche, uma excelente especialidade da casa.

Ponte rodoviária sobre o rio Tua, junto à foz.

Carreiro aberto, sem autorização, em Janeiro de 2008, pela EDP, na margem direita do rio. Na margem esquerda, túnel ferroviário da Linha do Tua.
A Barrragem, a ser construída nesta zona, inundará, para sempre, uma obra de arte da engenharia portuguesa, que, pela sua singularidade, no Vale do Tua, deveria ser classificada de património nacional.
Ainda não quero acreditar que um governo de Portugal ouse valorizar mais o lucro de uma empresa, em detrimento do património natural e edificado, e do potencial turístico de uma região nacional, deprimida!






Eram sumarentas as laranjas da Dona Alzira. Vendeu-as a a 0,60 cêntimos o kg.









Laranjal e ponte ferroviária da Linha do Douro.
O passeio continuou, de regresso a Mirandela. No salão dos bombeiros de São Mamede de RibaTua a Coagret fez um debate com a população da aldeia, sobre a eventual construção da barragem.




Mirandela, Vista Geral, 1870
Grande e bonito painel de azulejos numa pastelaria da cidade, a precisar de ser valorizado com obras de remodelação da pastelaria.

terça-feira, 10 de março de 2009

Neve nas Terras Altas de Trás-os-Montes

Viagem pelas estradas transmontans em dia de nevão


Depois de ter estado dia 25 de Janeiro em Montalegre, na feira do fumeiro, e depois de ter ido a Paços de Ferreira, regressei, no dia seguinte, à aldeia em Trás-os-Montes. Apanhei a auto-estrada A7 em direcção a Vila Pouca de Aguiar. Fazia muito frio.

Entretanto, no noticiário da rádio, dava-se conhecimento da queda de neve em Trás-os-Montes, do fecho do IP4 e da A24 nos pontos mais altos, e apelava-se aos condutores para não se dirigirem à região para ver a neve cair.




Quando cheguei à Serra do Alvão já tinha parado de nevar e a circulação na A7 era normal.





Depois de ter feito uma paragem nesta gasolineira ...
















...continuei pela A7 em direcção a Vila Pouca de Aguiar.







Ao chegar ao nó de ligação à auto-estrada A24, em vez de virar para Chaves, o meu destino ...
... segui em sentido oposto, em direcção a Vila Real.
Na auto-estrada A24, o trânsito aos veículos automóveis tinha sido reaberto e as máquinas de limpar neve circulavam nos dois sentidos.
O manto branco cobria os pontos mais altos da A24. Mesmo sem neve, este trecho da auto-estrada, em Vila Pouca de Aguiar, é fantástico pelo panorama que dele se desfruta.
A partir do viaduto dos lobos, a A24 desce em direcção ao vale do Douro, deixando de haver neve na cota abaixo de 600 metros.
Na saída da A24, para a estrada nacional N2, fiz inversão de marcha e retomei o caminho em direcção a Chaves.
A tentação de ir mais longe, até ao Marão, era muita mas começava a fazer-se tarde para me meter em aventuras.


Como é bela a Serra do Alvão coberta de neve! Como é belo o Reino Maravilhoso! Os meus olhos deslumbraram-se com o majestoso manto de brancura, diante de mim.
O nome, Vilarinho de Samardã, celebrado por escritores, traz-me à memória imagens de uma aldeia, escondida na serra, recheada de espigueiros. Sonho então que hei-de lá voltar e caminhar até ao Tojo do Lobo!

Nó de ligação à auto-estrada A7. Não saí; continuei pela A24 em direcção à fronteira com a Espanha.

Já tinha escurecido quando, na estrada municipal, na cota dos 600 metros, reencontrei a neve. A poucos quilómetros de casa receava que o carro, sem correntes, não pudesse subir mais e me visse na contingência de ir a Chaves passar a noite num hotel.

Depois de ter superado o ponto mais íngreme da encosta para o planalto onde está Travancas, cruzei-me com este camião espanhol, carregado de leite, resvalado na berma da estrada e a ser socorrido por um potente tractor.
Cheguei são e salvo a casa. Uma força divina vela por mim!



Na aldeia da Terra Fria o silêncio era profundo, só o cão ladrava
Vídeos da Viagem

Na auto-estrada A24, Vila Pouca de Aguiar, em dia de neve

Na estrada de São Cornélio, Chaves, debaixo de neve